AFIRMAÇÃO DO ARTISTA

 Meu trabalho é o resultado de uma fusão de desenho, fotografia e pintura, onde cada elemento contribui para o resultado final. O desenho serve como o alicerce, enquanto a fotografia atua como um registro rápido e preciso do que pode se transformar em uma pintura. A tríade que forma minha prática artística está enraizada na observação e na captura do essencial, desde a escolha do tema até a finalização da obra que pode ser a óleo, acrílica, pastel, digital ou mídias combinadas.

Fotografia, Desenho e Pintura: Uma Tríade Complementar

Fotografo com a intenção de desenhar e pinto com a intenção de explorar os limites entre o figurativo e o abstrato. Ao frear a pintura antes do realismo fotográfico, mantenho um vínculo com a realidade, mas permito que as técnicas gestuais e texturizadas tragam vitalidade e expressividade à obra. Essa abordagem é uma fuga consciente da objetividade da ilustração, oferecendo uma liberdade criativa que me permite transformar a essência do mundo real em sonhos pictóricos.

Influências Artísticas e Inspirações

Artistas como Richard Diebenkorn, Mark English, Robert Heindel e Friedensreich Hundertwasser influenciam profundamente meu trabalho. Mestres em navegar entre o figurativo e o abstrato, eles criaram mundos paralelos capturando a essência dos sonhos na realidade. Essa conexão entre o real e o abstrato é um elemento constante em minhas criações.

Evolução dos Projetos: "Na Beira" para "Um Olhar Mais Próximo"

Meu projeto "Na Beira" nasceu há muitos anos, da observação dos reflexos dos barcos nas águas calmas de Paraty, e foi expandindo naturalmente para "Um Olhar Mais Próximo". Essa transição reflete uma busca por elementos gráficos e formas simples que podem passar despercebidos, mas revelam-se através de recortes e enquadramentos fechados. Uma viagem a Fortaleza solidificou essa abordagem, com jangadas que representam um patrimônio naval, cultural e estético brasileiro que remonta a gerações, desde as origens européias, africanas e dos povos originários indígenas, antes deles.

Recortes e Composições: Encontrando a Essência

O ato de "cropar" as fotos é como um processo de filtragem para destacar a essência da imagem, eliminando elementos desnecessários e revelando composições inesperadas. Esta busca, que começa no visor da câmera, alinha uma série de escolhas estéticas que moldam a percepção final da obra, destacando o essencial e o surpreendente.

Percepção e Contemplação: Slow Thinking e Second Reading, a Diferença Entre Olhar e Ver.

As ideias de "Slow Thinking" e "Second Reading" são centrais em meu trabalho. Convido o observador a desacelerar e a realmente ver, ao invés de apenas olhar. A proposta de contemplação oferece uma experiência mais rica e profunda, contrária à apreciação visual rápida e superficial, comum na era digital. O objetivo é criar um espaço e um tempo de reflexão e conexão mais lentas e significativas com a obra.

Minha série "Um Olhar Mais Próximo" explora a diferença entre olhar e ver. Há uma mudança na percepção que acontece quando você cruza a linha do olhar casual e passa a VER de fato, absorvendo e contemplando a imagem. Este envolvimento é o que me motiva artisticamente. Em um instante, as respostas visuais são rápidas, mas ao diminuir o ritmo e observar uma imagem com atenção, Este estado de percepção muda.

Cada segundo de atenção do observador é uma conquista para o artista. A criação é um processo mais longo, mas o princípio é o mesmo: algo que vejo me impacta, a minha percepção muda e quero fotografar, desenhar, pintar, alterar e recombinar até que a visão original se transforme em algo novo. Não busco ser literal na pintura; a referência fotográfica neste caso é apenas o ponto de partida.

No estado de "ver", existem infinitas possibilidades para escapar da realidade e distorcê-la com composições, formas, valores, cores e improvisação. Na fotografia, penso como um pintor, e na edição e tratamento exploro novas ideias e recortes. A mídia é diferente, mas o conceito é o mesmo: alguns chamam de "olhar interior" ou “visão pessoal”, para mim é "Um Olhar Mais Próximo".

Sinestesia e Memória Afetiva

A escolha de um tema para minhas pinturas está sempre ligada a memórias afetivas. Sem esse elemento, não haveria impulso para começar a obra. Os lugares, cheiros, momentos e experiências vividas se cristalizam em memórias sinestésicas. Este conjunto de sensações, que não pode ser traduzido de outra forma, acaba influenciando cada detalhe e decisão criativa na minha pintura.

Tecnologia e Liberdade Criativa

Ferramentas tecnológicas como o Topaz AI ampliam minhas possibilidades criativas, permitindo superar limitações técnicas como a pixelização em cortes fechados. Isso proporciona mais liberdade para explorar detalhes em composições mais fechadas e realçar a qualidade das imagens, especialmente em fotos como produto final.

Experiência do Observador: Conexão e Contemplação

Espero que meus trabalhos provoquem uma resposta emocional, mas a cada obra vai somente até a metade do caminho. A outra metade de “Um Olhar Mais Ptóximo” se completa quando a obra estabelece esta conexão mais profunda com os observadores.

A interação mais significativa ocorre quando alguém se permite um tempo prolongado de contemplação, levando eventualmente a adquirir a obra e integrá-la em sua vida cotidiana. Esse é, para mim, o maior elogio possível.


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ARTIST STATEMENT

My work is the result of a fusion of drawing, photography, and painting, where each element contributes to the final result. Drawing serves as the foundation, while photography acts as a quick and precise record of what can become a painting. This triad is rooted in observation and capturing the essential, from theme selection to the finalization of the piece that can be in oils, acrylics, pastel, digital or mixed media.

Photography, Drawing and Painting: A Complementary Triad

I photograph with the intention of drawing and paint with the intention of exploring the boundaries between the figurative and the abstract. By stopping a painting short of photographic realism, I maintain a connection to reality but allow gestural and textural techniques to bring vitality and expressiveness to the work. This approach is a conscious escape from the objectivity of illustration, offering creative freedom that transforms the essence of the real world into pictorial dreams.

Artistic Influences and Inspirations

Artists like Richard Diebenkorn, Mark English, Robert Heindel, and Friedensreich Hundertwasser profoundly influence my work. Masters at navigating between the figurative and the abstract, they created parallel worlds that capture the essence of dreams within reality. This connection between the real and the abstract is a constant element in my creations.

Project Evolution: "Na Beira" to "A Closer Look"

My project "Na Beira" began years ago with the observation of boat reflections in the calm waters of Paraty and naturally expanded into "A Closer Look". This transition reflects a search for graphic elements and simple forms that might go unnoticed but reveal themselves through close-up framing. A trip to Fortaleza solidified this approach, with jangadas representing a naval, cultural, and aesthetic heritage of Brazil that dates back to European, African, and indigenous origins.

Cropping and Compositions: Finding the Essence

The act of cropping photos is like a filtering process to highlight the image's essence, eliminating unnecessary elements and revealing unexpected compositions. This search, starting in the camera's viewfinder, aligns a series of aesthetic choices that shape the final perception of the work, highlighting the essential and the surprising.

Perception and Contemplation: Slow Thinking and Second Reading, the Difference Between Looking and Seeing

The ideas of "Slow Thinking" and "Second Reading" are central to my work. I invite the observer to slow down and truly see, rather than just look. This contemplative approach offers a richer and deeper experience, contrary to the quick and superficial visual appreciation common in the digital age. The goal is to create a space and time for slower and more meaningful reflection and connection with the artwork.

My series "A Closer Look" explores the difference between looking and seeing. There is a shift in perception when you cross the line from casual observation to truly SEEING, absorbing and contemplating the image. This engagement is what motivates me artistically. Visual responses are instantaneous, but by slowing down and observing an image with attention, the state of perception changes.

Every second of the observer's attention is a triumph for the artist. Creation is a longer process, but the principle is the same: something I see impacts me, my perception changes and I want to photograph, draw, paint, alter, and recombine until the original vision becomes something new. I don't aim to be literal in painting; the photographic reference in this case is merely a starting point.

In the state of "seeing," there are infinite possibilities to escape reality and distort it with compositions, shapes, values, colors, and improvisation. In photography, I think like a painter, and in editing and processing, I explore new ideas and crops. The medium is different, but the concept is the same: some call it "inner vision" or "personal vision," for me, it is "A Closer Look."

Synesthesia and Affective Memory

The choice of a theme for my paintings is always connected to affective memories. Without this element, there would be no impetus to begin the work. Places, smells, moments, and lived experiences crystallize into synesthetic memories. This combination of sensations, which cannot be translated in any other way, ends up influencing every detail and creative decision in my painting.

Technology and Creative Freedom

Technological tools like Topaz AI expand my creative possibilities, allowing me to overcome technical limitations such as pixelation in tight crops. This provides more freedom to explore details in tighter compositions and enhance image quality, especially in photographs as the final product.

Observer's Experience: Connection and Contemplation

I hope my works evoke an emotional response, but every piece ends just half way on this path. The other half of “A Closer Look” is completed only when the piece bonds a deeper connection with the observers.

The most significant interaction occurs when someone allows themselves an extended time of contemplation, eventually leading to acquiring the piece and integrating it into their daily life. This, to me, is the highest compliment possible.